segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Fogos de Ano Novo.... antes da hora!

Vocês devem imaginar que vou escrever sobre o Ano Novo. Mostrar como a entrada de um novo ano será positiva para todos nós. Bem, eu tinha essa intenção, mas fatos ocorreram que me fizeram mudar de objetivo.

O que vou relatar acaba de acontecer. Iniciou aproximadamente às 19h00 de hoje, 31 de dezembro de 2007, três horas antes da virada.

Estava em meu quarto lendo uma revista, anotando os filmes que iria gravar no mês de janeiro. A revista Monet chegou atrasada e eu tentava recuperar o tempo perdido. Olho filme por filme, pois de vez em quando há alguma “pérola” escondida no meio da programação e eu não quero perder. Então, eu estava em meu quarto quando comecei a escutar um burburinho. Minha mãe falava de forma exaltada e estranhei, pois parecia que brigava com alguém no corredor. Levantei e, no meio do caminho, encontrei com ela:

- Hugo, está pegando fogo no andar de cima! Vai lá ver!

Foi o tempo de colocar o sapato e vestir a camisa e eu já estava no andar de cima. Do apartamento 144 saía muita fumaça pelas frestas da porta. Já havia um homem na porta, com dois extintores, um de água e outro de pó químico. Pelo cheiro, achávamos que era fio queimado. O hall já estava quase tomado pela fumaça e o zelador não chegava com a chave do apartamento. Não houve alternativa: com quatro chutes meu irmão arrombou a porta. Atentem-se ao fato que eu já havia verificado se a porta estava quente. Para aqueles que não sabem, é importante este procedimento para que saibamos se não há fogo próximo à porta. O risco está de, ao abrir a porta, o fogo desesperado por oxigênio correr em nossa direção. Mas estava tudo certo quanto a isso. No que a porta foi arrombada, meu irmão e o outro homem correram para dentro do apartamento enegrecido pelo breu da fumaça. Eu corri para a cozinha e desliguei a chave geral do apartamento, para que o fogo não se espalhasse pela corrente elétrica.

Enquanto esvaziavam os extintores, corri para os outros andares na busca de outros butijões. Passei pelo apartamento dos meus pais e eles já estavam colocando os gatos nas casinhas para levar para o térreo do prédio. A situação estava feia. Enquanto isso, minha mãe já tinha descido para a casa da minha avó para também levá-la para o térreo.

Encontrei um extintor no décimo primeiro andar e subi correndo. O fogo ainda comia a parede e despejei todo o conteúdo sobre a tomada incendiada. Logo em seguida puxamos os móveis para longe. Acreditem que perto do foco de incêndio havia vários objetos inflamáveis: um sofá, tapetes enrolados, bancos de madeira, caixas de papelão. Estava tudo pelando, mas ainda não pegavam fogo. Após extinguir o fogo, pegamos os extintores de água e resfriamos o local. Tudo isso em menos de três minutos. Tivemos que ser rápidos. O perigo era grande. Maior do que quando apaguei o fogo na apartamento de minha avó há alguns anos.

Em seguida, outros moradores, de apartamentos de andares inferiores, foram chegando. Cada um com um extintor em mãos. Arfavam de cansaço. Enfim, eu apenas subi do 13° ao 14°. Um deles veio do 7°, o outro havia subido as escadas desde o 3°. Em seguida chegaram os bombeiros. Fizeram a verificação e anotaram o nome do meu irmão, que havia arrombado a porta. Disseram que fizemos o certo, pois cinco minutos a mais e tudo teria espalhado. O proprietário estava viajando, não havia muito o que fazer.

Depois disso, começou a epopéia de consertar a porta. Não podíamos deixá-la aberta. Estava com o trinco arrebentado e o batente partido. Levamos aproximadamente uma hora para resolver. Ou seja, a porta deu mais trabalho que o fogo em si.

Nós três que entramos no apartamento primeiro parecíamos três carvões. Era fuligem e pó químico pela roupa inteira. Meu sapato preto agora era cinza. Meu rosto estava todo pintado (após o banho, a parte inferior de minhas pálpebras ainda estavam pretas. Parecia que eu tinha me maquiado).

Mas foi isso. Ainda estou com gosto de fumaça na boca. Acho que será necessário comer muito na ceia de Ano Novo, para melhorar. Vou esperar a virada, mas posso dizer que de fogos de Ano Novo já tive a minha cota pelo dia de hoje.

*P.S. em 03/02/2008: Veja a continuação deste caso em http://hugoharris.blogspot.com/2008/02/recapitulando.html *

sábado, 22 de dezembro de 2007

Gritos, confusão, convicções e muito o que pensar

Hoje passei por uma situação. Não coloquei um adjetivo, pois não consigo decidir exatamente como avaliá-la. Não sei se foi uma situação incômoda, se foi uma situação péssima, ou se foi uma situação curiosa. Quem sabe, escrever este texto me ajudará a qualificar.

Como em muitos sábados, vou com meus pais almoçar numa lanchonete. É sempre a mesma lanchonete, a qual meu pai freqüenta há mais de quarenta anos. Começou a almoçar lá quando era estagiário-voluntário no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na época em que cursava a Faculdade de Medicina. Quando casou, levou a família e, até hoje, vamos lá.

Almoçávamos tranqüilamente, quando fomos interrompidos por uma mulher que falava muito alto. Pedia para que a ajudássemos com qualquer quantia, pois seu filho sofria de paralisia cerebral. De pé, seguro por ela, que o agarrava pela cintura como se fosse um boneco, estava o filho. Era maior do que ela. Aquela senhora não deveria ter mais de um metro e sessenta.

O que impressionou foi a maneira como ela se dirigia a todos nós. Falava num tom muito alto, e fez a lanchonete silenciar. Meus pais e eu estávamos no segundo ambiente, o que a faria demorar para chegar até nós. Observei de longe, pois achei seu comportamento diferente do que já testemunhei daqueles que necessitam da caridade de outrem. Quando se aproximava de alguma mesa, sempre tinha algum comentário para fazer. Provavelmente agradecia. Algumas pessoas deram-lhe dinheiro, outras não. Essas também recebiam comentários, os quais naquele ponto eram inaudíveis para mim.

Ela chegou ao segundo ambiente, mas ainda demoraria para chegar perto de nossa mesa. Estávamos no fundo, próximos à entrada da cozinha. Neste instante, pude ver um pouco mais de perto o que fazia aquela mulher. Arrastava o filho e pedia de mesa em mesa, ainda num tom alto. Quando fazia algum comentário, já era num tom mais baixo. Mas agora estava mais perto, eu podia escutar.

Ao receber alguma nota, ela dizia: "Obrigada àqueles que me ajudam", mas logo emendava "E aqueles que não ajudam, que vão ao diabo". Achei que não tinha entendido. Continuei a observar. Vi ela chegar mais perto e, quando chegou às duas mesas que precediam à nossa, os detalhes foram enriquecidos: "Não vão me dar dinheiro, mas isso pode acontecer com vocês", sempre num tom ameaçador e agressivo – o dedo em riste. Na outra, foi mais direta: "Então vai tomar no cu. Vai se foder." Em seguida, chegou à nossa mesa.

Não íamos dar dinheiro a ela. Quando ela virou para nós que, como disse, estávamos perto da cozinha, o garçom apareceu para retirá-la. Mas isso, sem antes escutarmos: "Não encoste em mim. Vai se foder. Você vai ver se encostar um dedo em mim." Lembre-se: isso tudo, com o filho sendo carregado pela cintura, e os braços dele a balançar pelo ar. Era uma cena muito triste, mas era sobrepujada pela atitude da mãe. Esbocei dizer para ela que não deveria xingar todas aquelas pessoas, mas logo ela já estava longe de mim. Senti-me mal.

Rapidamente, ela já estava na primeira mesa, na outra extremidade do ambiente em que almoçávamos. Era ao lado de uma mesa que tinha pais e três crianças de aproximadamente sete anos. A mulher gritava, ameaçava para que ‘não se atrevessem’ a encostar nela. Vi o segurança aproximar-se e tentar conversar. Ela estava intransponível. Continuava a xingar, a falar palavrões. Até que o segurança agarrou mãe e filho e quis retirá-los do local. Naquele momento, as pessoas que estavam no primeiro ambiente correram em direção ao confronto, para ajudar a mulher. Curioso dizer que quem estava no segundo ambiente não fez o mesmo. Acredito que não puderam ouvir exatamente o mesmo que tínhamos ouvido. Seria uma estupidez dizer que a lanchonete se dividia em boas pessoas (aqueles que estavam no primeiro ambiente) e más pessoas (aqueles que estavam no segundo).

Meu pai havia alertado a nós que, caso tentassem removê-la do local, haveria aqueles que correriam em seu socorro. Nos hospitais ocorre o mesmo, quando é necessário remover algum paciente ou acompanhante que tumultua o ambiente.

Quando olhei, o rapaz estava sozinho, largado, encostado à parede. A mãe agora preocupava-se em brigar. A muvuca demorou um pouco para se dissipar, mas terminou graças a algum arranjo diplomático por parte do segurança, de alguns garçons, alguns freqüentadores e a mãe do rapaz.

Não conseguíamos mais comer. Eu perdi a fome. Minha mãe não falava nada, mas vi que o estômago dela tinha virado. Ninguém mais se sentia confortável naquele lugar.

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Após este relato, que sei que em muitos aspectos acende as convicções de várias pessoas, tenho alguns questionamentos a fazer. Foi proposital descrever o fato que testemunhei da maneira que fiz acima, sem expor muito minha opinião.

Algumas coisas surgem em nossas cabeças quando vemos coisas deste gênero acontecerem. Coloco abaixo, apenas para direcionar um pouco a discussão.

* Até que ponto aquela mulher excedeu em seus direitos, ao clamar ajuda para seu filho? Tinha o direito de xingar e ofender as pessoas que estavam dentro da lanchonete? Pense que ela deve ter um histórico de dificuldades, sofrimento, e que poderia estar em seu limite. O desespero pode causar comportamentos surpreendentes, variando da fuga à violência.

* Qual a verdadeira assistência que existe em nossa rede pública de saúde, na qual sabe-se que este não é o único caso, muito menos o último? A rede burocrática impede que os mais necessitados consigam pronto atendimento e acompanhamento, o que estende o calvário de pacientes e familiares. Neste ponto, vemos como a ineficiência da máquina pública (lembre que estávamos ao lado do Hospital das Clínicas) reflete diretamente na sociedade. Num primeiro plano, na vida daquela mãe e filho. Colateralmente, no resto da sociedade. Aquele foi um fato isolado, mas uma metonímia de um caos que já se esboça. Poderíamos ir mais longe, pois há outros exemplos. A violência galopante também é devida à carência da sociedade. Mas não vamos mudar o foco.

* Deve-se dar esmolas? Qual a maneira correta de contribuírmos à sociedade, aplacar um pouco as diferenças e melhorar as condições daqueles que pouco têm? Acredito que a esmola não é o recurso mais eficiente (Já ouvi em alguns lugares que é eficiente para nossas consciências, pois pagamos e a pessoa vai embora, “não nos incomodando mais”). Prefiro a assistência direta dentro da comunidade, das entidades. Mas cada um deve respeitar as suas próprias convicções. Ninguém tem o direito de dizer o que as pessoas devem fazer ou não, contanto que façam por boa vontade, não por obrigação.

* Você concorda com a atitude do segurança?

* Muitas pessoas revoltam-se ao ver uma cena como a do segurança expulsando aquela mãe com o filho doente. Isso ficou ilustrado pela atitude dos freqüentadores que foram em sua assistência (aqueles que eu disse que estavam no primeiro ambiente). Mas pergunto: qual a diferença entre o direito daquela mulher e de cada uma das pessoas que estavam dentro da lanchonete? Seja os direitos daqueles que a ajudaram, daqueles pais que estavam com os três filhos, dos casais que vi serem mandados à merda, ou os meus e de minha família. Não quero parecer indiferente aos problemas daquela mulher, mas acredito que esta seja uma questão relevante.

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Por fim, posso dizer que achei o adjetivo que buscava. Não há outro que exprima melhor. A situação foi triste mesmo. Já tinha escrito isso antes, e é assim que permanecerá. Tudo isso que eu coloco em discussão apenas ilustra uma maneira de refletir sobre algo, sem ir direto ao recurso de julgar.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Catseries - o mito do gato de bom coração

Rabo de esquilo, vesgo, cinza malhado, bigodes curtos... Você deve imaginar que descrevo um animal híbrido, sem identidade, uma "coisa horrível". Muito se engana.

Foi batizado num momento de iluminação. Nunca um nome foi tão acertado. Se a intenção fosse aliar nome e comportamento, dificilmente a alcunha seria mais perfeita: Dengoso. Ele era apenas uma bolinha de pêlo. Feio. Era muito feio. Como disse no texto anterior, quando pequenos, ele e seu irmão gêmeo couberam em uma única palma de minha mão. Frágeis e fracos. Tinham sido abandonados muito pequenos, e a veterinária teve que tomar cuidados especiais. Dentro de casa, eles brincavam bastante. Isso tranquilizou a todos que, no início, estavam relutantes sobre a possibilidade de sobrevivência dos filhotinhos.

Na dúvida sobre os nomes que deveriam ser dados, este foi o que apareceu. Minha mãe que achou que ele "tinha cara de dengoso". Aceitei o nome, talvez uma estratégia política para que aceitassem o que eu tinha escolhido para o outro. Mas a história do outro ainda está para ser contada, então não entrarei em detalhes.

No fim, nada foi mais justo. Os filhotes cresceram e o Dengoso se tornou o gato mais carinhoso. Quem chega em casa pode ver a atitude dele. Ele vem correndo em sua direção e sobe em nossas pernas para pedir agrado. Dependendo de nossa proximidade, sobe no sofá e esfrega a própria cabeça em nossas mãos para sentir um afago, mesmo que naquele instante não tenhamos a intenção. Quando alguém toma banho, vai até a área de serviço e sobe no parapeito da janela basculante para miar e chamar a atenção. Dependura-se na janela e tenta olhar o outro lado, o que já lhe causou uma queda para o outro lado e um enorme susto.

Suspeitamos que ele e o irmão sejam cruzamento de gato persa com siamês. Dengoso ficou com algumas características do persa. O rabo peludo, por exemplo. Quando pequeno, seu rosto era bem redondo, mas ao crescer perdeu essa característica. Mas o rabo está cada vez mais peludo. O resto do corpo lembra bastante o de um siamês.

Dos quatro gatos, é o mais frágil de todos. Tanto que seus "irmãos" abusam. Comem seus bigodes, o que o torna cada vez mais molenga (pois, como é conhecido, o gato perde parte do equilíbrio sem seus bigodes). Mas isso não o assusta. Sempre está a enfrentar os outros em lutinhas. Mete os dentes no pescoço de um, agarra e puxa o cangote do outro. Encara-os nos olhos. Sempre como brincadeira. Nenhum deles nunca brigou seriamente.

Adora ser jogado para o alto. Parece uma criança. Não age que nem um gato normal. Jogue um gato para o alto e o verá se contorcer para retomar o centro de gravidade e cair com as quatro patas. Dengoso voa mole e cai mole. Sorte que esses humanos o pegam no ar.

A gente pode fazer o que quiser com ele. Toda brincadeira é alegria. Chegou até a parecer um bichinho de pelúcia quando fiz a maldade de apertá-lo no peito e ele apenas soltou um mio baixo. Não esperneou, não reclamou. Não me deu a dentada que eu merecia. Enfim, Dengoso é um gato de bom coração.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Catseries - o nascimento do Quarteto Fantástico

Quando perdemos nossa gatinha, foi como se uma pessoa da família tivesse morrido. Ela ficou conosco por oito anos e, mesmo que tivessem sido vinte, pareceriam muito pouco. Chorei muito no ombro de amigos, alguns sem entender por que um marmanjo de quase trinta anos estava tão triste por causa de um bichinho que sabemos que não durará tanto tempo quanto nós.

Mas é incrível a afeição que eles fazem brotar em nós. Depois da partida de Jodie, minha mãe tinha dito que não queria mais nenhum gato na casa. A companhia era muito gostosa, mas no final realmente todo mundo sofreu. Meu pai dizia para eu ter paciência com o sentimento de minha mãe, aguardar a ferida cicatrizar, que na hora certa poderíamos "seduzi-la". E não demorou muito.

Certo dia, meus pais viajavam quando a veterinária ligou. Queria que fôssemos até lá. Eu questionei a razão e ela disse que tinha dois gatinhos que queria que meus pais dessem uma olhada. Mesmo com a ausência de meus pais, a veterinária insistiu que os gatos eram o nosso perfil (??? Como assim, nosso perfil?). Mas não tinha jeito, eles estavam longe e eu não poderia pegar os gatos e trazer para casa sem mais nem menos. Mas não agüentei. Tive que ir até lá, nem que fosse para matar a minha curiosidade.

Quando cheguei ao Pet Shop, fui levado diretamente para o "quarto" dos gatos. Achei que ia encontrar os dois bichaninhos escondidos num canto, amedrontados. A porta se abriu, e era um verdadeiro "mar de gatos". Definitivamente, havia mais de trinta gatos espalhados pelo chão. Todos muito bem cuidados, brincando uns com os outros. Tentei adivinhar quais eram os gatinhos, e previamente me afeiçoava por um ou outro. Naquele ponto, tanto fazia qual gato ia levar. Mas a veterinária fez questão de apontar os exatos dois com os quais ela queria nos presentear: eram dois gatinhos branquinhos, minúsculos. Cabiam os dois juntos numa única palma de minha mão. A condição era levar os dois. Eles eram da mesma ninhada e haviam sido abandonados. Desde que nasceram ficaram juntos e juntos permaneceram até aquele momento. Ela não achava justo separá-los. Confesso que achei eles um pouco feinhos, mas fiquei comovido com as intenções da moça. Ao mesmo tempo, eu olhava outros gatos, brincava um pouco e matava um pouco da saudade de ter um bichano para "perturbar" (enfim, filhotes adoram ser "perturbados"). Tinha uma gatinha preta que achei linda e mais outros que gostei.

Voltei para casa decidido a ligar para meus pais e contar a história. Minha mãe não foi muito animadora no telefone, então logo tentei me desiludir. Tentei jogar um charme, elogiar os gatos como se fossem tesouros, mas já colocava em minha mente que deveria esquecer. Enfim, fazia apenas dois meses que a Jodie havia morrido.

No dia seguinte, toca o telefone em casa e minha mãe está do outro lado:

- Hugo, estou chegando em casa. Seu pai quis ir direto para o Pet Shop. Nem quis passar em casa.

Pensei que minha mãe ficaria em casa, mas apenas deixou as malas e foi correndo para a Veterinária. Algum tempo depois, ela liga para perguntar se eu também queria a gatinha preta, pois estavam dispostos a adotá-la. Claro que aceitei.

Para quem havia se acostumado a ter uma única gata em casa, agora haveriam três. Seria uma revolução. Quando meus pais chegaram, vieram aquelas três pecinhas peludas e mais sacos e sacos de comida de gato e areia sanitária. A festa ia começar.

Achei que ia dar um trabalhão. Mas acho que não estavam satisfeitos. Cerca de três semanas depois, cheguei em casa e havia uma nova surpresa. Um outro gato, um pouco mais velho que os três pequeninos que havíamos adotado, encontrava-se na sala, assustado e arisco, com os olhos quase fechados por causa de alguma infecção. Um gato lindo, rajado.

Isso tudo aconteceu no ano de 2005. Eles estão conosco e hoje estão bem grandinhos. São o nosso Quarteto Fantástico. Nesta "Catseries", escreverei um pouco a respeito de cada um deles. Assim, aqueles que não tiveram a oportunidade conhecerão um pouco mais de perto esses meus "irmãos" de pêlos.

Em 2005:

Em 2007:

domingo, 9 de dezembro de 2007

Sombras da guerra e gigantes abatidos

Começam a aparecer filmes que têm como contexto a Guerra do Iraque. Assim como na época da Segunda Guerra Mundial, a batalha é mostrada nos filmes e o efeito do combate na população americana também. Na época da Guerra do Vietnã, havia poucos filmes a respeito, os quais apenas surgiram em maior número a partir da metade dos anos 70.

Fui assistir ao filme "No vale das sombras" (In the valley of Elah), dirigido por Paul Haggis e estrelado por Tommy Lee Jones, Charlize Theron e Susan Sarandon. Paul Haggis é um cineasta da moda. Fez os ótimos roteiros dos três últimos filmes de Clint Eastwood e dirigiu o penúltimo ganhador do Oscar, o duvidoso "Crash - sem limites".

Não sei se foi o meu excesso de expectativa, mas não gostei muito do filme. Atente para o fato que o filme não é ruim. Mas também não é um excelente filme. Talvez aconteça com ele o mesmo que aconteceu com "O segredo de Brokeback Mountain" (que injustamente perdeu o Oscar exatamente para "Crash"). Não havia gostado muito do filme de Ang Lee quando assisti no cinema mas, por algum motivo, ficou em minha mente. Com o tempo, a insistência de suas imagens em minha lembrança me aguçou a vontade de rever e, quando o fiz, gostei muito. Assisti ao filme de Haggis ontem e acordei pensando nele. Ainda não sei muito o porquê.

Tommy Lee Jones é um sargento do Exército, reformado, que fica sabendo que seu filho sumiu enquanto estava de licença da Guerra do Iraque. Logo no início descobre-se que ele havia sido morto e iniciam as investigações, que envolvem a polícia local, o Exército, seus ex-colegas de pelotão e o próprio pai. Isso é o que basta para darmos a idéia do que acontece.

Enquanto assistia, lembrei muito de outro filme. No início dos anos 80, o cineasta Constantin Costa-Gravas ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes por um excelente filme chamado "Missing - o desaparecido". Jack Lemmon fazia o pai que ia ao Chile para procurar o filho desaparecido pela Ditadura chilena de Pinochet. Os meandros burocráticos que Lemmon tem que enfrentar assemelham-se às dificuldades que o personagem de Tommy Lee Jones encara junto à polícia e, principalmente, ao exército americano. Em ambos os filmes pode-se perceber o afastamento do leitmotiv "onde está meu filho", para uma aproximação e mergulho na angústia daquele pai e centralização em seu papel.

Exclusivamente quanto ao personagem de Tommy Lee Jones, ele demonstra uma frieza contida, a qual parece que nunca será abalada. Mas este ator, acostumado a interpretar papéis contidos e inabaláveis (como o conhecido delegado federal em "O fugitivo", ou até mesmo seu papel em "Céu azul"), demonstra superação. Ele se mantém contido, porém seus olhos transparecem aquela angústia que mencionei anteriormente e percebemos que ele está a um ponto de ruir. Isso fica claro na cena em que ele tem que contar à sua esposa (Susan Sarandon) a morte de seu filho.

A metáfora traçada por Paul Haggis referente ao título do filme é duvidosa e levanto a questão. Em certo ponto, o sargento conta ao filho da policial que o ajuda (Charlize Theron) a história de Davi e Golias. Resumo: todos os dias, o gigante filisteu Golias desafiava alguém do exército israelita a descer ao vale de Elah para enfrentá-lo. Os hebreus, com muito medo, não desciam, e os filisteus humilhavam aquele povo devido à sua covardia. Até que aparece Davi, uma pequena criança, que decide enfrentar o gigante. Com apenas cinco pedrinhas, ele desce à planície e aceita o desafio daquele filisteu. Enquanto o gigante corre em extrema velocidade em sua direção, Davi permanece parado e, sem titubear, mira sua atiradeira e atinge com uma daquelas pedrinhas no meio da testa de Golias, que cai com o crânio rachado.

Aí eu pergunto: nesta leitura, quem seria Davi e quem seria Golias? Qual a intenção de Paul Haggis ao trazer este conto bíblico? Uma primeira suposição seria de um apontamento patriótico, no qual colocaria os americanos no papel dos justos israelitas lutando contra os bárbaros iraquianos, como se estes fossem o gigante Golias que todos temiam enfrentar. Ou seria o contrário, numa segunda opção, na qual retrata os americanos, armados com sua tecnologia e seus bilhões de dólares, como aqueles que são temidos por todo o mundo. Os iraquianos que, em sua maioria, são pessoas comuns que vivem numa civilização atrasada, têm que enfrentar com paus e pedras a invasão de seu território.

Lembrem que esta seria a segunda pedra na testa do gigante americano, pois os vietnamitas já lançaram a primeira há três décadas e racharam profundamente a alma yankee. Os acontecimentos narrados em "No vale das sombras" esboçam como os Estados Unidos sofrem atualmente devido à guerra. A mídia não divulga muito, devido talvez ao conhecido esforço de guerra, mas a indústria do entretenimento começa a expor sua visão.

Por hora, este foi o filme que assisti. Em breve, haverá outro dentro do mesmo contexto da guerra, que ainda não possui título brasileiro: Redacted, dirigido por Brian De Palma. Li críticas muito boas a respeito do filme e estou muito curioso.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Até quando?

Ontem ocorreu um acidente gravíssimo na Rua dos Trilhos, na Zona Leste da cidade de São Paulo. Havia seis jovens dentro do carro que se estraçalhou no poste. Três morreram na hora, outro morreu um pouco depois. Dois estão internados, sendo que um em estado muito grave. Jovens na faixa dos 19 anos.

Quem é jovem (ou já foi jovem) sabe que somos inconseqüentes nesta idade. Achamos que podemos tudo e que nada nos acontecerá. Nestes momentos, dizemos que "essa conversa de que é perigoso é para os fracos!" Até o dia em que a desgraça acontece. Sorte daqueles que têm uma segunda chance. Muitas vezes, no primeiro vacilo, a vida, que é tão frágil, se esvai. Pode ser um acidente de trânsito. Pode ser um assalto. Pode ser a bebida. Podem ser estes fatores combinados de alguma maneira.

Difícil conscientizar o jovem de que deve ser mais prudente. Aqueles que são mais prudentes sempre são tachados de "chatos". Bem, é melhor avaliar o que vale mais a pena. Claro que as fatalidades são inevitáveis, pois até os prudentes sofrem acidentes (enfim, a própria palavra já define que não é intencional). Mas tenha certeza que não são os prudentes e responsáveis os que mais passam por estas situações.

Nestas horas, devemos pensar em nossas famílias, em nossos amigos. Por um momento de adrenalina, colocar em risco toda uma existência, um histórico, o bem-estar dos familiares. Pois não se esqueçam: o maior problema não é para quem morre, o maior problema é para quem fica. Se nós formos irresponsáveis, depois há outros que pagarão com sofrimento devido a nossos atos.

Fico triste por ter visto outro acidente fatal pela cidade. Sei que há muitos, diários, com motoqueiros, motoristas, atropelamentos e capotagens. Vamos torcer para que as pessoas coloquem a mão na cabeça e valorizem um pouco mais as coisas certas da vida.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Touché, Corinthians!

Eu sabia que isso estava por acontecer. Antes do Nelsinho entrar no Corinthians, eu já havia dito que esse time ia cair. E disse também que QUERIA que o time caísse. E continuei dizendo isso até o final. Não vou dizer que estou feliz, mas acredito que algumas lições devem ser dadas. Nos últimos anos, com exceção do ano contratado pela MSI, as campanhas do Corinthians foram ridículas. Nós estávamos sempre sofrendo. Corinthiano é sofredor, mas exageraram nos últimos anos. Lembro que no ano de 2003 fiz um texto a respeito do Grêmio. Chamava-se "Obrigado, Grêmio!", pois a péssima campanha do Timão era ofuscada pela péssima atuação do Grêmio, que acabou caindo para a Segundona logo no ano de seu centenário. Rezou a ironia que, em 2007, fosse num jogo com o próprio Grêmio que o nosso destino no futebol fosse decidido.

Por que eu disse que queria que o Corinthians caísse para a série B? Inúmeros fatores. Tudo tem raiz na administração do sr. Alberto Dualib, que pilhou o Corinthians por anos, algo que está sendo apurado pela atual presidência do sr. Andrés Sanchez. E não coloquem a culpa no Andrés. Ele foi parte da antiga diretoria por certo tempo, mas não tem tanta culpa na situação. O erro principal ocorreu devido à conivência dos conselheiros e, principalmente, de parte da torcida, com a associação junto à MSI. A injeção de fundos de origem duvidosa mascarou as dificuldades que o Corinthians tinha em sua estrutura. Ao mesmo tempo, multiplicaram-se os problemas e os escândalos. As dívidas e as polêmicas surgiram, como as referentes ao caso Nilmar x Lyon e à questão da demissão do técnico Daniel Passarela.

Fomos coniventes, sim. E incluo-me nesta lista. Eu não queria nem saber. Tínhamos vários jogadores de qualidade, que faziam nossos olhos brilhar. Tévez, Roger, Carlos Alberto, dentre outros. Se o nosso time mosqueteiro estava ganhando, por que eu iria pensar nos problemas futuros que, naquele momento, eram apenas meras suposições? Muitos pensavam como eu. Vi várias vezes o ex-vice-presidente de futebol do Corinthians, sr. Antonio Roque Citadini, alertando para os problemas que aconteceriam (e lembro ele dizendo em 2005: "Daqui a dois anos"). Ele era uma voz em meio à multidão, junto ao conselheiro e delegado Tuma, que tinha até dossiês mostrando o caráter duvidoso dos componentes da MSI.

Isso tudo culminou na formação do elenco do corrente ano. Poucos jogadores de qualidade. O goleiro Felipe se destacou, e duvido que ele fique no time. Acabo de ouvir uma declaração sua na Jovem Pan, dizendo que seu contrato vai até 2011, mas que talvez o time tenha que vendê-lo para arrecadar verba, visto que perderá o dinheiro da televisão. Outro jogador que eu gostei muito foi o Finazzi, que por uma bobagem feita por ele ficou fora dos últimos jogos. Betão demonstrou a garra de sempre, mas possui limitações. O amor dele pelo Corinthians é indiscutível. Percebi que nos últimos jogos os jogadores deram o sangue. Mas isso tudo não bastou para compensar uma campanha inteira de fracassos. (À parte: por isso que campeonato de pontos corridos é bom - o melhor time ganha e os piores caem. A sorte fica deixada de lado)

Continuo dizendo que achei justo o rebaixamento. E não venham dizer que a causa disso tenha sido os pênaltis que o juiz fez voltar no jogo entre Goiás e Internacional, no Serra Dourada. Ele cumpriu a regra. Se não há hábito em cumprir a regra quando o goleiro se adianta, azar. Ele cumpriu a regra e está tudo certo. A culpa da queda é exclusiva do Corinthians e de todas as pessoas envolvidas com este time.

O mosqueteiro foi abatido e jogado no fundo do poço. Agora, terá alguns meses para se recuperar e fortalecer as pernas. Se no fundo do poço ele não encontrar força para se impulsionar para cima, terá que utilizar suas garras e escalar as paredes úmidas e lodosas. Torceremos muito para que ele volte e não apenas isso: que conquiste o título da série B! Título que é muito difícil, pois o torneio é tão competitivo quanto a série A.

Lembrem que outros times de tradição já foram rebaixados antes. O caso mais notório foi o Fluminense, que chegou a ir para a terceira divisão. Esse ano acabou em quarto no Brasileirão. O Vitória também foi para a série C, e acaba de conquistar a volta para a série A. Grêmio, Palmeiras, Atlético Mineiro, Curitiba, Sport de Recife, todos passaram por este calvário. A querida Portuguesa acaba de conseguir voltar. As coisas são assim mesmo.

Muita gente vai fazer brincadeira com os corinthianos. Mas lembrem que isso faz parte do esporte. Aqueles que se exaltam de forma violenta não sabem qual é o verdadeiro espírito. E, para ilustrar isso, vou divulgar o novo símbolo do Corinthians, o qual recebi de autor desconhecido (e muito criativo) já há algum tempo, mas que ilustra bem a atual situação.


Iwo Jima: dois olhares sobre a mesma dor


Sempre gostei dos filmes dirigidos por Clint Eastwood. Nos últimos quinze anos, foram lançados títulos elementares, como "As pontes de Madison", "Sobre meninos e lobos", "Menina de ouro" e o clássico "Os imperdoáveis". Li, na ocasião do lançamento de "Sobre meninos e lobos", a admiração que os europeus nutrem por ele. E concordo. Possuo certas reservas quanto a alguns aspectos de seus filmes, mas nada que tenha desviado minha admiração. Há alguns filmes de Clint Eastwood que ele conclui de forma equivocada. Mas é equivocada em minha opinião. Ele construiu a peça de acordo com suas convicções e levando em consideração aquele conclusão que ele pretendia nos mostrar. Bem, mas isso é outra discussão.

Recentemente, tive a oportunidade de assistir aos dois últimos filmes de Clint Eastwood. "A conquista da honra" e "Cartas de Iwo Jima" foram lançados no mesmo ano, no intuito de mostrar os dois lados da sangrenta batalha ocorrida na ilha de Iwo Jima durante a Segunda Guerra Mundial. Além da oposição dos olhares (o primeiro filme é pela visão dos americanos, enquanto o segundo é pela visão dos japoneses), há uma diferença na proposta. Esta diferença aponta a forma como cada um dos países encarava a esforço de guerra. Enquanto os americanos se apoiavam na mídia e na divulgação de seus heróis para arrecadar fundos para o financiamento da batalha, os japoneses se concentravam na determinação de seus soldados e no compromisso de proteger seu solo imperial.

Ao demonstrar os dois lados da batalha, onde os papéis de heróis e vilões se invertem ao trocar dos filmes, Clint aproxima-se de atingir certa isenção. Lembre que a identificação do espectador com os personagens se dá a partir do momento em que o próprio espectador consegue definir para "qual lado está torcendo". O pensamento maniqueísta fala alto no entendimento da trama e nos faz pensar: "Esses são bons, aqueles são maus". Porém, quando temos num curto período de tempo a possibilidade de fazer essa inversão, confundimo-nos nesta identificação e nos colocamos dos dois lados da guerra de forma igual. Na minha opinião, o diretor conseguiu escapar da cilada de ser patriota em "A conquista da honra" e ser documental em "Cartas de Iwo Jima". Ele acaba sendo menos patriota no primeiro, ao criticar a exploração sobre a divulgação do hasteamento da bandeira americana na ilha, e afasta-se do simples retrato das tropas japonesas para adentrar no sentimento familiar dos combatentes que, em alguns momentos, chegava a fazê-los questionar até que ponto valia a pena defender até à morte a sua pátria.

As cenas de batalha são impressionantes. No histórico de filmes de guerra, pode-se ver muitas batalhas, mas carregadas com certa pirotecnia que afasta do retrato realista que é possível ver nos dois filmes. Anteriormente, "O resgate do soldado Ryan", de Steven Spielberg, conseguia este feito. A cada cena, a cada plano, pode-se ver como era fácil ser baleado, ter um membro arrancado, ser morto. As balas voam soltas pelo ar, as bombas explodem de forma desajustada. Qualquer um pode ser atingido. A idéia que tínhamos nos filmes mais antigos de que o herói sobrevive no final após realizar sua missão é anulada. Permanecemos o tempo todo vigilantes, pois qualquer um pode ser atingido naquela terra de ninguém.

Quem procura muita ação pode ficar decepcionado. Os dois filmes são envoltos por tramas paralelas que podem incomodar aqueles que procuravam um filme de guerra nos padrões antigos.

Clint Eastwood se mostra cada vez mais um diretor eclético. Fez filmes faroeste e policial devido, como poderíamos dizer, a seu histórico como ator, que concentrou em grande parte estes dois gêneros. Porém, já criou suspense, drama, e agora estes dois filmes de guerra. É alguém que merece uma análise detalhada de sua obra.

sábado, 1 de dezembro de 2007

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Prosa sul-africana a la Loach

Lembro-me da primeira vez que vi o livro. Era uma capa totalmente verde, com o título em branco, jogado num canto, como se ele fosse a parte menos importante da informação. O que importava era aquela imensidão verde, quase a bandeira da Líbia. Mas não me interessei pela leitura. Era apenas mais um volume dentre tantos outros que me maravilhavam na estante da livraria. Ainda mais, aquele autor era totalmente desconhecido. Quem era esse tal de J. M. Coetzee?

Algum tempo depois, ao acompanhar as premiações do Nobel, me surpreendo em ouvir o nome deste escritor. Sul-africano. Sul-africano? Os últimos anos do Nobel haviam sido generosos, ao premiar um português, um alemão, um chinês. Agora, era um sul-africano. Pensei: 'tudo bem, o cara deve ser bom'. Nas notícias que saíram a respeito dele, listaram os livros disponíveis e os que estavam por sair devido à sua premiação. Enfim, premiações geram renda. E reconheço que eu também sou fonte dela, pois também me guio pelos prêmios para, ao menos, conhecer artistas. Pelo menos uma obra deve ser contemplada. Dentre as imagens dos livros dele, lá estava aquela capa verde. O livro se chamava "Desonra".

Guardei as informações na mente e, alguns anos depois, encontrei a oportunidade de adquirir um livro de Coetzee. Cheguei a ficar em dúvida, pois o mapa da Libia havia sido exterminado. Em seu lugar, uma capa marrom, com um desenho moderno, ostentando em seu rodapé o logo da editora e a chancela do Prêmio Nobel. A Companhia das Letras adora fazer isso. Fez com o Saramago, extinguindo as ótimas capas que havia planejado, para padronizar de outra forma, como homenagem a seu prêmio Nobel em 1998.

Apesar do choque estabelecido entre o presente e minha memória, acabei comprando o livro. Logo iniciei a leitura. Terminei muito rápido. Um livro de leitura fácil. Tema difícil, mas de transmissão eficiente. Imagine um professor universitário que se envolve com uma aluna e acaba acusado de assédio sexual. Ao recusar se defender, acaba exonerado e vai morar com a filha no interior do país. Lá ele verifica as condições do campo, com a disputa de terras imersa num contexto de rancor racial e violência social. Tudo acaba por servir como válvulas que expõe as dificuldades de relacionamento entre pai e filha, homem e amantes. E entre os cidadãos.

A simplicidade do enredo torna a complexidade do tema chocante de tal forma, que nos sentimos parte daquela situação. Lembrei-me dos filmes de um cineasta que admiro muito: Ken Loach. Seria um ótimo livro para ele adaptar, pois adora utilizar histórias pontuais, inseridas num microcosmo, como um reflexo do comportamento de uma sociedade inteira.

A cena capital do livro é narrada de tal forma, que confesso ter chorado ao ler. E não chorei devido a uma suposta beleza estética, e sim pela capacidade que ele teve de me fazer sentir parte do que acontecia e vivenciar aquele drama tão intensamente.

Recomendo sem reservas a leitura de "Desonra". Assim que der, lerei os outros livros de Coetzee, quem agora deixou de ser um completo estranho para entrar numa relação de autores que conheço e que quero conhecer mais.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Publicação sobre nada

Entrei aqui com a vontade de escrever sobre nada. Não sobre o "Nada", com letra maiúscula, um substantivo masculino de pompa que pode guiar uma discussão em direção a um conceito filosófico complexo. Não, não é nada disso.

Havia um tema sobre o qual queria escrever. Logo desisti. Mas não queria deixar de escrever algo. E, como disse Fernando Sabino numa crônica que li há muito tempo, é muito difícil se deparar com a tela branca do computador à sua frente (acredito que ele, na verdade, falou algo sobre a folha branca numa máquina de escrever, a aguardar o choque das pesadas teclas e da tinta do carretel).

Cheguei à conclusão de que não queria falar sobre nada. Coisa nenhuma. O dicionário dá outra definição para o vocábulo: pronome indefinido. Exatamente! Indefinido. Há outras definições, mas não interessam neste momento, pois já que não queria escrever sobre nada, não é sobre o nada que escreverei. Não é por falta de tema, não é para ilustrar algum 'vazio existencial'. Não é o cansaço após um dia inteiro de trabalho. Simplesmente, nada foi o que apareceu. Nada foi o que deu vontade.

Mas não sou de me dar por derrotado. Mesmo sendo nada o que surgiu, não deixarei de escrever. Fazer um elogio a nada é uma forma de valorizar quando o "algo" surge e podemos incrementá-lo a ponto de transformá-lo em "alguma coisa". A cabeça que parece nada conter, nestes momentos procura um grânulo qualquer perdido em seu interior e faz ele se movimentar, correr, ricochetear pelas paredes até que se multiplique ou faça ecoar algo por meio de sinapses luminosas - lamparinas.

A contradição está no fato de dizer que havia ao menos um grânulo dentro da cabeça. Não era nada. Não que não era nada, coisa alguma. Não era um nada. Era um grânulo de idéia. Assim, a questão está em como percorrer o caminho entre nada e o grânulo que teremos que cultivar. É algo complicado e demandará muita discussão. Porém, já que eu havia decidido escrever sobre nada, pararei por aqui.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Incomensurável

Trecho do livro "A Dança do Universo", de Marcelo Gleiser:


“Vivemos num Universo povoado por um número gigantesco de galáxias, espalhadas pela vastidão do espaço cósmico. Nossa galáxia, a Via Láctea, é apenas uma entre bilhões de outras, sendo sua posição perfeitamente irrelevante. Nosso planeta não ocupa uma posição especial no sistema solar, nosso Sol não ocupa uma posição especial em nossa galáxia, e nossa galáxia não ocupa uma posição especial no Universo. O que temos de especial é a habilidade de nos maravilharmos com a beleza do cosmo.” - pág 353
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Somos um pequeno grão de sal dentro do mar ruidoso. Movimentamo-nos à medida que as águas viajam e, para quem observa de longe, passamos imperceptíveis. Somos parte integrante, ou somos constituintes? Até que ponto há relevância em nossa existência?

domingo, 25 de novembro de 2007

Um cidadão dançante que é todos nós

É uma tarefa arriscada colocar 80 pessoas num palco e fazê-las dançar coreografias complexas.

A chance de um desastre aumenta e um espetáculo pode ir abaixo após algum erro irremediável. Porém, o que pensar sobre o palco? Há erros irremediáveis? Não. É um espaço de improvisação misturado à técnica e preparo. E quando são artistas profissionais, gabaritados, experientes, tudo fica mais fácil.

E quando, entre estas 80 pessoas, a maioria for de não-profissionais? Pessoas de todas as idades, compleições físicas, profissões.

É nisso que consistiu o espetáculo "Kashmir Bouquet", realizado por Ivaldo Bertazzo como parte do seu tradicional Cidadão Dançante. Ele reuniu por mais de um ano uma quantidade grande de pessoas (acima do número contido no formato final) em ensaios quase diários para coreografar cerca de uma hora e meia de dança intensa. Acompanhei o esforço de uma das dançarinas: sua dedicação, seu sofrimento. E reconheço que eu me questionava se isso era um exagero. No fundo, imaginava que não, pois sabemos que a dança, como uma arte plástica e física requer treino e muita repetição. Ainda mais quando se trata do entrosamento desta quantidade de pessoas de características tão variadas. Comprovei que este dito "exagero" de ensaios era justificável.

As coreografias apresentadas são surpreendentes. Não tenho um conhecimento grande em dança para localizar o estilo ou até para fazer uma ligação com a própria obra de Bertazzo. O que posso descrever é como ele atingiu a minha sensibilidade. Aquele amontoado de pessoas dançando, ora em velocidade, ora vagarosamente, criava desenhos sugestivos, que para mim seriam como marolas selvagens no mar, ou o vôo de um bando de pássaros, que se movimenta em conjunto mesmo quando muda de direção e é capaz de manter sua geometria simétrica.

Neste espetáculo, até mesmo as luzes contribuem para a plasticidade. Em um dos números, os cidadãos dançantes formam uma roda e dançam um ciranda convulsa e acelerada, mas com um foco de luz que vem do chão. O resultado foi o desenho de sombras dançantes na fumaça espessa que havia sobre eles. Lindo!

Os artistas não saem do palco. Quando não atuam, estão sentados nas cadeiras postadas no limiar do palco, a trocar de roupa ou apenas em stand by. É impressionante o preparo físico de todos os participantes. Lembro que são artistas amadores, o que torna sua realização mais impressionante. Todas agiram como verdadeiros profissionais. E digo isso não como aquele usual consolo que tendemos a dizer sobre o esforço sofrível de leigos. Mas como um real reconhecimento da qualidade do trabalho deste grupo, de seu feito, e da beleza que nos proporcionaram.

Porém, como tudo, o espetáculo não é perfeito. Tenho uma crítica muita séria a ele: apenas ficou em cartaz por duas semanas e não poderá mais ser apreciado. Espero que isto seja revisto e os patrocinadores estimulem a continuidade.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Indique um livro, um filme, uma peça....

Acabo de colocar um novo item no Blog, para aqueles que quiserem fazer sugestões culturais para os leitores d'A Lamparina.

Você pode enviar a sugestão por e-mail ou como comentário em algum texto do Blog. Peço apenas que coloque o título do livro, filme, peça (ou qualquer outra coisa) e o autor.

Dependendo da quantidade de indicações, nem sempre a indicação entrará de imediato. Mas garanto que será colocada. Não haverá censuras e a indicação permanecerá em 'A Lamparina' por cinco dias. A única avaliação será a natureza da indicação. Não serão indicadas baladas, restaurantes e bares e afins, apenas no intuito de não desvirtuar o objetivo.

Espero a colaboração de todos!!!

Desespero das traças compulsivas

Até os meus 18 anos, eu não era um grande fã de livros. Aqueles que me conhecem há muito tempo sabem que apenas comecei a me dedicar a eles após trabalhar numa grande livraria e descobrir o verdadeiro valor da escrita. Acreditem: eu já estava na faculdade. Aqueles que me conhecem também terão escutado a justificativa para os 18 anos anteriores, nos quais reneguei a literatura: a culpa era do ensino, que nos força a ler livros clássicos brasileiros, para os quais não estamos preparados quando temos 14, 15 anos. Peguei aversão à leitura e apenas quando li Machado de Assis e outros (perto dos 22 anos) percebi o tempo que havia perdido. Desde lá, tento recuperar o atraso.

Porém, há momentos em que a gente se arrepende até de amar os livros.

Foi um desespero total. Claro que é um desespero "bom", mas quem já esteve lá sabe o que quero dizer. Todo final de ano há a Feira de Livros na FFLCH-USP. Diversas editoras comparecem, e vendem livros de seu catálogo (todos novos) com 50% de desconto ou mais. Há pessoas que aguardam o ano inteiro para comprar livros apenas neste evento. Este ano não me comportei assim, mas acho que farei isso a partir do próximo ano.

A feira começou na quarta e durará até hoje, sexta-feira. Fui nos dois primeiros dias e já "me proibi" a ir hoje. Cada dia fiquei aproximadamente três horas. Não vou nem mencionar a quantidade de livros que comprei, mas apenas digo que foram muitos. E, pior: muitos mais deixaram de ser comprados.

Para quem gosta de livros, a experiência de ir àquele formigueiro que é este evento (ou seria melhor dizer que eram traças que lá estavam?) é dolorosa. São muitas opções. Editoras que têm em seu catálogo livros caríssimos, fazem com que eles se tornem acessíveis quando dão desconto. Uma delas é a Cosac & Naify, um dos estandes mais concorridos. Não ficou muito longe de outras editoras, como a 34, a Conrad, a Perspectiva e a Edusp. Várias outras editoras universitárias também compareceram.

Fui com o Fred, um grande amigo, e também aficcionado por livros. Também entrou em desespero. Levamos listinhas com livros desejados e mais um bloquinho para anotar aqueles que passaríamos a desejar. Tinha estandes que até evitávamos parar, pois sabíamos que encontraríamos algo irrecusável, principalmente por causa do preço. É uma compulsão. É o que poderíamos chamar de uma "doença boa". Serve também para aqueles que querem comprar presentes de Natal. Por que não? Como a minha querida avó diz: "Livro é presente de amigo". Ainda mais os livros de excelente qualidade oferecidos nesta feira que já se tornou tradicional no campus da USP.

Para aqueles que quiserem conferir, sei que a feira ainda ocorrerá hoje (dia 23/11), das 9 até as 19. Mas não tenho certeza se vai até um pouco mais tarde (talvez chegue até as 21h). Se quiserem vivenciar o mesmo desespero que eu, EU RECOMENDO!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Primeiras impressões de 'Brasil x Uruguai'

A minha idéia era escrever algo sobre a minha experiência ao ir ao jogo Brasil x Uruguai. Mas estou incomodado com algumas coisas, então resolvir expor minha opinião por meio de algumas perguntinhas:

1) Como agüentar a correria desenfreada de Maicon, sem qualquer objetividade? Cansei de gritar para ele levantar a cabeça, mas acho que ele não me escutou (e nem aos outros 65.000 que gritavam pelo mesmo). Ele é um ótimo velocista. Se não tivéssemos os excelentes corredores que temos na equipe de atletismo, podíamos deslocá-lo para lá. À equipe de futebol de campo não faria falta.

2) Vocês têm idéia de que se o Afonso não estivesse machucado, o digníssimo Dunga não teria convocado o Luis Fabiano?

3) Robinho entrou em campo? Sei pelo menos que ele saiu de campo, pois as vaias foram num volume tão alto que não dava para não perceber. Entrou o Vágner Love, o que deu na mesma.

4) Agora, a dúvida que fica: na próxima convocação, quem será deixado de lado? Luis Fabiano? Robinho? Vágner Love? Afonso? Quem? Olha lá, hein... E quando o Fred voltar?

5) Quem é Gilberto? Existe ainda a posição de lateral esquerdo no time?

6) Quando o melhor jogador da partida é o goleiro do seu time, isso é um bom sinal? Julião nos salvou de uma goleada! Valeu, meninão!

7) Devo ser muito ingênuo. Quando a partida estava empatada, por quê trocar Ronaldinho Gaúcho por Josué? Qual a função ofensiva? Queria garantir o empate? Estávamos jogando fora de casa? O Diego e o Elano, ou o Vágner (que ainda não tinha entrado) se negaram a participar daquela farsa?

8) Puxa, será que a torcida paulistana não aprende? Mesmo quando Ronaldinho, Robinho e Kaká não conseguem acertar um passe, e nossa retaguarda fica trocando passes lado a lado no campo de defesa. Não devem vaiar e nem xingar, mesmo parecendo (insisto!) que queríamos garantir o empate. Galvão, dá uma lição nesta torcida exigente!

Olha, fazia tempo que eu não ia ao estádio. Foi bom relembrar como é gostoso assistir a jogos in loco. Mas não nego a muvuca. A ida e vinda superam de longe o tempo que dura a partida. Só para chegar em casa levou quase duas horas. Mas valeu a pena, para ficar gritando o nome do Luis Fabiano, que há tempos merecia voltar para a seleção. Foi bom ver que estamos bem guarnecidos pelo Julio César (desculpe, Ceni).

Outro dia vi na transmissão do jogo contra o Peru alguém perguntar porque o Brasil insiste em jogar pelo meio. Neste jogo contra o Uruguai eu descobri: um dos nossos laterais só sabe correr e o outro está omisso. Não sobra opção. E já que nossa equipe não sabe trocar passes, só falta o chutão! Ou seja, chamem o Zé do Leitão, que ele corresponde.

É isso aí!! Acho que o próximo apenas será em 2014. Veremos... Quem sabe depois me animo em escrever algo melhor sobre esta experiência, mas agora era isso que eu tinha para dizer. Daí você pode comparar as versões e verificar como a dor do trauma passa rápido.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Lost*

Raindrops falling from the sky
Petals sprout thru your eyes
that happily vanish into mine
‘til suddenly thy love starts to die

And then my smile turns to a cry
such as the water became wine.
The sun will never be able to shine
The eyes are closed and my body lies

My heart is crumbled, I can’t deny
Shepperton Village is in the past
Ancient time of glimpses and sights

Walking there alone, I will always try
Fulfill my wishes has become a task
I’ll be in all our places with you beside.

*Esse poema foi escrito devido ao curso de Inglês, em outubro de 2005.

domingo, 18 de novembro de 2007

Metáfora para o nascimento da democracia


Trecho do livro "Um homem: Klaus Klump", de Gonçalo M. Tavares.


"A democracia instala-se no país como uma borracha que se vai derretendo lentamente até preencher por completo a superfície de um compartimento. Mas a democracia é a instalação da cobardia mútua, e tal sistema não parte nunca de uma vontade forte, de uma intenção original; pelo contrário: é consequência de uma matéria que derreteu. Não é um sistema político de material primário. É o fogo que a faz: à democracia. É o excesso de calor, o calor já não suportável que impõe a trégua da calma. E será depois o frio prolongado a reatar de novo a matéria principal, a Força primeira. A democracia é um efeito da perda de Força de um conjunto de homens. É um ganho de fraqueza global."


Volei: Será que acharam um caminho para nos derrotar?

Eu, como todo brasileiro, posso dizer que não tive muitas oportunidades de ver a seleção brasileira masculina de volei perder alguma jogo sob a direção de Bernardinho. Lembro da derrota sofrida contra a Venezuela no Pan-americano de Santo Domingo. Porém, quando derrotados pelos venezuelanos, era nítido que a derrota ocorrera por ocasião, devido a uma péssima demonstração de nosso time e pela excepcional atuação de dois jogadores do adversário.

Hoje foi diferente. Início de torneio sempre é um pouco complicado, mas a seleção entrou no ritmo, jogou com a mesma técnica de sempre. Competiu os dois primeiros sets com a mesma qualidade que estamos acostumados a acompanhar. Porém, o adversário na estréia da Copa do Mundo era os Estados Unidos. Esta seleção já havia chamado minha atenção em uma das competições deste ano (não estou certo se foi na Liga ou se foi no Pan do Rio, ou se foi nas duas). Para quem esteve acostumado a desconsiderar a seleção americana nos últimos anos devido aos maus resultados, eu havia me surpreendido com o crescimento de sua qualidade.

A seleção americana, do início ao fim, sacou muito forte. Muito forte mesmo. E o Brasil correspondeu com a qualidade de sua recepção. Por isso digo que o Brasil não atuou mal. Seus fundamentos funcionaram muito bem. Mas a seleção dos Estados Unidos foi melhor! Se olharmos os números do jogo, talvez o diferencial tenha sido mesmo o saque, não apenas pelo excelente aproveitamento americano, mas também por não ter sido tão eficiente do lado tupiniquim.

Os dois primeiros sets foram emocionantes. Terminaram 28x26, 30x28. Neste último, tamanha era a confiança dos americanos na qualidade de seu serviço que, mesmo tendo um set point contra, o ponteiro Stanley sacou muito forte e foi recompensado com a virada em última hora do placar deste set e a vitória no mesmo. A torcida no estádio japonês de Matsumoto estava claramente a favor dos brasileiros (enfim, eram os campeões mundiais, da Liga.... da Olimpíada). Mas aos poucos os americanos 'ganharam' a torcida e tudo ficou equilibrado. O terceiro set foi ruim para nossa seleção. Caiu sua produção e o set fechou em 25x20 para os americanos.

Mas não há demérito para nossa seleção. Continua a melhor seleção do mundo. Não sejamos como normalmente somos, que na primeira derrota começamos a questionar o trabalho. Simplesmente a outra seleção foi melhor do que a nossa. Jogaram com muita raça, muita tática e muita técnica.

Cabe agora duas questões, uma já esboçada no título:
1) Será que encontraram o caminho para derrotar nossa seleção? Claro que encontraram. Mas não foi hoje. Já encontraram faz tempo. Muita força de saque, conseqüente quebra de passe, bloqueio efetivo e velocidade de ataque. Todos já sabem isso, mas não é algo fácil de fazer. Hoje a seleção americana conseguiu e saiu de quadra com uma vitória mais que merecida;
2) Algo que já penso há um tempo e, se alguém quiser me ajudar, gostaria de colocar em pauta: será que não está na hora de aumentar a altura da rede oficial de volei? Há muito tempo que penso isso, pois a facilidade que os jogadores profissionais têm em sacar e atacar tornou-se covarde, com pancadas muito fortes que diminuíram a possibilidade de "rallis" durante os jogos. Eles acontecem, mas são numa quantidade muito pequena. São jogos com aces, muito bloqueio e, principalmente, pontos de bola cravada na quadra adversária. O desenvolvimento da preparação física na última década possibilita este aumento na altura da rede sem que caia a qualidade dos jogos.

É isso aí! Força Brasil!!! Três vagas para a Olimpíada em jogo!!!

sábado, 17 de novembro de 2007

Dois Tertulianos?

Não é de hoje que eu gosto dos livros do José Saramago. Confesso que alguns não me agradaram, mas acho que é impossível apreciar tudo que alguém faz. Nem mesmo ficamos satisfeitos 100% a respeito daquilo que fazemos, quem dirá sobre o que os outros fazem. Já houve livros dele que iniciei a leitura mas parei no meio. Não foi apenas um. Digo que fiz isso com "O Evangelho segundo Jesus Cristo", mas quando retomei alguns anos depois foi excepcional. Acho que é tudo uma questão de estado de espírito. Os espíritos se revolvem e os humores seguem o mesmo caminho. Retrato disto é o livro que acabo de ler deste autor lusitano: "O homem duplicado". (O livro é de 2003, mas apenas li agora. A fila é grande, não há como me apressar) Queiram ler a reviravolta na existência do professor de História Tertuliano Máximo Afonso quando descobre que existe um homem que é a sua cópia perfeita. Não é um gêmeo: é um duplo, igual em todos os aspectos. Diferenças entre eles? Terás que ler, caro colega.

Início da Jornada

Estou na era da Internet!

A Lamparina chega para servir como um canal de comentários sobre Cultura. Mas não entenda Cultura apenas como Cinema, Literatura ou Música. Todos os temas serão bem-vindos (enfim, se formos refletir, TUDO é Cultura). Eventualmente, serão colocados comentários sobre qualquer assunto, desde que estejamos com vontade de expô-los. Porém, se não estivermos com vontade, podem acontecer algumas linhas do mesmo jeito: apenas para contrariar.

Por enquanto é isso. Mas não pararemos por aqui.