sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Prosa sul-africana a la Loach

Lembro-me da primeira vez que vi o livro. Era uma capa totalmente verde, com o título em branco, jogado num canto, como se ele fosse a parte menos importante da informação. O que importava era aquela imensidão verde, quase a bandeira da Líbia. Mas não me interessei pela leitura. Era apenas mais um volume dentre tantos outros que me maravilhavam na estante da livraria. Ainda mais, aquele autor era totalmente desconhecido. Quem era esse tal de J. M. Coetzee?

Algum tempo depois, ao acompanhar as premiações do Nobel, me surpreendo em ouvir o nome deste escritor. Sul-africano. Sul-africano? Os últimos anos do Nobel haviam sido generosos, ao premiar um português, um alemão, um chinês. Agora, era um sul-africano. Pensei: 'tudo bem, o cara deve ser bom'. Nas notícias que saíram a respeito dele, listaram os livros disponíveis e os que estavam por sair devido à sua premiação. Enfim, premiações geram renda. E reconheço que eu também sou fonte dela, pois também me guio pelos prêmios para, ao menos, conhecer artistas. Pelo menos uma obra deve ser contemplada. Dentre as imagens dos livros dele, lá estava aquela capa verde. O livro se chamava "Desonra".

Guardei as informações na mente e, alguns anos depois, encontrei a oportunidade de adquirir um livro de Coetzee. Cheguei a ficar em dúvida, pois o mapa da Libia havia sido exterminado. Em seu lugar, uma capa marrom, com um desenho moderno, ostentando em seu rodapé o logo da editora e a chancela do Prêmio Nobel. A Companhia das Letras adora fazer isso. Fez com o Saramago, extinguindo as ótimas capas que havia planejado, para padronizar de outra forma, como homenagem a seu prêmio Nobel em 1998.

Apesar do choque estabelecido entre o presente e minha memória, acabei comprando o livro. Logo iniciei a leitura. Terminei muito rápido. Um livro de leitura fácil. Tema difícil, mas de transmissão eficiente. Imagine um professor universitário que se envolve com uma aluna e acaba acusado de assédio sexual. Ao recusar se defender, acaba exonerado e vai morar com a filha no interior do país. Lá ele verifica as condições do campo, com a disputa de terras imersa num contexto de rancor racial e violência social. Tudo acaba por servir como válvulas que expõe as dificuldades de relacionamento entre pai e filha, homem e amantes. E entre os cidadãos.

A simplicidade do enredo torna a complexidade do tema chocante de tal forma, que nos sentimos parte daquela situação. Lembrei-me dos filmes de um cineasta que admiro muito: Ken Loach. Seria um ótimo livro para ele adaptar, pois adora utilizar histórias pontuais, inseridas num microcosmo, como um reflexo do comportamento de uma sociedade inteira.

A cena capital do livro é narrada de tal forma, que confesso ter chorado ao ler. E não chorei devido a uma suposta beleza estética, e sim pela capacidade que ele teve de me fazer sentir parte do que acontecia e vivenciar aquele drama tão intensamente.

Recomendo sem reservas a leitura de "Desonra". Assim que der, lerei os outros livros de Coetzee, quem agora deixou de ser um completo estranho para entrar numa relação de autores que conheço e que quero conhecer mais.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Publicação sobre nada

Entrei aqui com a vontade de escrever sobre nada. Não sobre o "Nada", com letra maiúscula, um substantivo masculino de pompa que pode guiar uma discussão em direção a um conceito filosófico complexo. Não, não é nada disso.

Havia um tema sobre o qual queria escrever. Logo desisti. Mas não queria deixar de escrever algo. E, como disse Fernando Sabino numa crônica que li há muito tempo, é muito difícil se deparar com a tela branca do computador à sua frente (acredito que ele, na verdade, falou algo sobre a folha branca numa máquina de escrever, a aguardar o choque das pesadas teclas e da tinta do carretel).

Cheguei à conclusão de que não queria falar sobre nada. Coisa nenhuma. O dicionário dá outra definição para o vocábulo: pronome indefinido. Exatamente! Indefinido. Há outras definições, mas não interessam neste momento, pois já que não queria escrever sobre nada, não é sobre o nada que escreverei. Não é por falta de tema, não é para ilustrar algum 'vazio existencial'. Não é o cansaço após um dia inteiro de trabalho. Simplesmente, nada foi o que apareceu. Nada foi o que deu vontade.

Mas não sou de me dar por derrotado. Mesmo sendo nada o que surgiu, não deixarei de escrever. Fazer um elogio a nada é uma forma de valorizar quando o "algo" surge e podemos incrementá-lo a ponto de transformá-lo em "alguma coisa". A cabeça que parece nada conter, nestes momentos procura um grânulo qualquer perdido em seu interior e faz ele se movimentar, correr, ricochetear pelas paredes até que se multiplique ou faça ecoar algo por meio de sinapses luminosas - lamparinas.

A contradição está no fato de dizer que havia ao menos um grânulo dentro da cabeça. Não era nada. Não que não era nada, coisa alguma. Não era um nada. Era um grânulo de idéia. Assim, a questão está em como percorrer o caminho entre nada e o grânulo que teremos que cultivar. É algo complicado e demandará muita discussão. Porém, já que eu havia decidido escrever sobre nada, pararei por aqui.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Incomensurável

Trecho do livro "A Dança do Universo", de Marcelo Gleiser:


“Vivemos num Universo povoado por um número gigantesco de galáxias, espalhadas pela vastidão do espaço cósmico. Nossa galáxia, a Via Láctea, é apenas uma entre bilhões de outras, sendo sua posição perfeitamente irrelevante. Nosso planeta não ocupa uma posição especial no sistema solar, nosso Sol não ocupa uma posição especial em nossa galáxia, e nossa galáxia não ocupa uma posição especial no Universo. O que temos de especial é a habilidade de nos maravilharmos com a beleza do cosmo.” - pág 353
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Somos um pequeno grão de sal dentro do mar ruidoso. Movimentamo-nos à medida que as águas viajam e, para quem observa de longe, passamos imperceptíveis. Somos parte integrante, ou somos constituintes? Até que ponto há relevância em nossa existência?

domingo, 25 de novembro de 2007

Um cidadão dançante que é todos nós

É uma tarefa arriscada colocar 80 pessoas num palco e fazê-las dançar coreografias complexas.

A chance de um desastre aumenta e um espetáculo pode ir abaixo após algum erro irremediável. Porém, o que pensar sobre o palco? Há erros irremediáveis? Não. É um espaço de improvisação misturado à técnica e preparo. E quando são artistas profissionais, gabaritados, experientes, tudo fica mais fácil.

E quando, entre estas 80 pessoas, a maioria for de não-profissionais? Pessoas de todas as idades, compleições físicas, profissões.

É nisso que consistiu o espetáculo "Kashmir Bouquet", realizado por Ivaldo Bertazzo como parte do seu tradicional Cidadão Dançante. Ele reuniu por mais de um ano uma quantidade grande de pessoas (acima do número contido no formato final) em ensaios quase diários para coreografar cerca de uma hora e meia de dança intensa. Acompanhei o esforço de uma das dançarinas: sua dedicação, seu sofrimento. E reconheço que eu me questionava se isso era um exagero. No fundo, imaginava que não, pois sabemos que a dança, como uma arte plástica e física requer treino e muita repetição. Ainda mais quando se trata do entrosamento desta quantidade de pessoas de características tão variadas. Comprovei que este dito "exagero" de ensaios era justificável.

As coreografias apresentadas são surpreendentes. Não tenho um conhecimento grande em dança para localizar o estilo ou até para fazer uma ligação com a própria obra de Bertazzo. O que posso descrever é como ele atingiu a minha sensibilidade. Aquele amontoado de pessoas dançando, ora em velocidade, ora vagarosamente, criava desenhos sugestivos, que para mim seriam como marolas selvagens no mar, ou o vôo de um bando de pássaros, que se movimenta em conjunto mesmo quando muda de direção e é capaz de manter sua geometria simétrica.

Neste espetáculo, até mesmo as luzes contribuem para a plasticidade. Em um dos números, os cidadãos dançantes formam uma roda e dançam um ciranda convulsa e acelerada, mas com um foco de luz que vem do chão. O resultado foi o desenho de sombras dançantes na fumaça espessa que havia sobre eles. Lindo!

Os artistas não saem do palco. Quando não atuam, estão sentados nas cadeiras postadas no limiar do palco, a trocar de roupa ou apenas em stand by. É impressionante o preparo físico de todos os participantes. Lembro que são artistas amadores, o que torna sua realização mais impressionante. Todas agiram como verdadeiros profissionais. E digo isso não como aquele usual consolo que tendemos a dizer sobre o esforço sofrível de leigos. Mas como um real reconhecimento da qualidade do trabalho deste grupo, de seu feito, e da beleza que nos proporcionaram.

Porém, como tudo, o espetáculo não é perfeito. Tenho uma crítica muita séria a ele: apenas ficou em cartaz por duas semanas e não poderá mais ser apreciado. Espero que isto seja revisto e os patrocinadores estimulem a continuidade.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Indique um livro, um filme, uma peça....

Acabo de colocar um novo item no Blog, para aqueles que quiserem fazer sugestões culturais para os leitores d'A Lamparina.

Você pode enviar a sugestão por e-mail ou como comentário em algum texto do Blog. Peço apenas que coloque o título do livro, filme, peça (ou qualquer outra coisa) e o autor.

Dependendo da quantidade de indicações, nem sempre a indicação entrará de imediato. Mas garanto que será colocada. Não haverá censuras e a indicação permanecerá em 'A Lamparina' por cinco dias. A única avaliação será a natureza da indicação. Não serão indicadas baladas, restaurantes e bares e afins, apenas no intuito de não desvirtuar o objetivo.

Espero a colaboração de todos!!!

Desespero das traças compulsivas

Até os meus 18 anos, eu não era um grande fã de livros. Aqueles que me conhecem há muito tempo sabem que apenas comecei a me dedicar a eles após trabalhar numa grande livraria e descobrir o verdadeiro valor da escrita. Acreditem: eu já estava na faculdade. Aqueles que me conhecem também terão escutado a justificativa para os 18 anos anteriores, nos quais reneguei a literatura: a culpa era do ensino, que nos força a ler livros clássicos brasileiros, para os quais não estamos preparados quando temos 14, 15 anos. Peguei aversão à leitura e apenas quando li Machado de Assis e outros (perto dos 22 anos) percebi o tempo que havia perdido. Desde lá, tento recuperar o atraso.

Porém, há momentos em que a gente se arrepende até de amar os livros.

Foi um desespero total. Claro que é um desespero "bom", mas quem já esteve lá sabe o que quero dizer. Todo final de ano há a Feira de Livros na FFLCH-USP. Diversas editoras comparecem, e vendem livros de seu catálogo (todos novos) com 50% de desconto ou mais. Há pessoas que aguardam o ano inteiro para comprar livros apenas neste evento. Este ano não me comportei assim, mas acho que farei isso a partir do próximo ano.

A feira começou na quarta e durará até hoje, sexta-feira. Fui nos dois primeiros dias e já "me proibi" a ir hoje. Cada dia fiquei aproximadamente três horas. Não vou nem mencionar a quantidade de livros que comprei, mas apenas digo que foram muitos. E, pior: muitos mais deixaram de ser comprados.

Para quem gosta de livros, a experiência de ir àquele formigueiro que é este evento (ou seria melhor dizer que eram traças que lá estavam?) é dolorosa. São muitas opções. Editoras que têm em seu catálogo livros caríssimos, fazem com que eles se tornem acessíveis quando dão desconto. Uma delas é a Cosac & Naify, um dos estandes mais concorridos. Não ficou muito longe de outras editoras, como a 34, a Conrad, a Perspectiva e a Edusp. Várias outras editoras universitárias também compareceram.

Fui com o Fred, um grande amigo, e também aficcionado por livros. Também entrou em desespero. Levamos listinhas com livros desejados e mais um bloquinho para anotar aqueles que passaríamos a desejar. Tinha estandes que até evitávamos parar, pois sabíamos que encontraríamos algo irrecusável, principalmente por causa do preço. É uma compulsão. É o que poderíamos chamar de uma "doença boa". Serve também para aqueles que querem comprar presentes de Natal. Por que não? Como a minha querida avó diz: "Livro é presente de amigo". Ainda mais os livros de excelente qualidade oferecidos nesta feira que já se tornou tradicional no campus da USP.

Para aqueles que quiserem conferir, sei que a feira ainda ocorrerá hoje (dia 23/11), das 9 até as 19. Mas não tenho certeza se vai até um pouco mais tarde (talvez chegue até as 21h). Se quiserem vivenciar o mesmo desespero que eu, EU RECOMENDO!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Primeiras impressões de 'Brasil x Uruguai'

A minha idéia era escrever algo sobre a minha experiência ao ir ao jogo Brasil x Uruguai. Mas estou incomodado com algumas coisas, então resolvir expor minha opinião por meio de algumas perguntinhas:

1) Como agüentar a correria desenfreada de Maicon, sem qualquer objetividade? Cansei de gritar para ele levantar a cabeça, mas acho que ele não me escutou (e nem aos outros 65.000 que gritavam pelo mesmo). Ele é um ótimo velocista. Se não tivéssemos os excelentes corredores que temos na equipe de atletismo, podíamos deslocá-lo para lá. À equipe de futebol de campo não faria falta.

2) Vocês têm idéia de que se o Afonso não estivesse machucado, o digníssimo Dunga não teria convocado o Luis Fabiano?

3) Robinho entrou em campo? Sei pelo menos que ele saiu de campo, pois as vaias foram num volume tão alto que não dava para não perceber. Entrou o Vágner Love, o que deu na mesma.

4) Agora, a dúvida que fica: na próxima convocação, quem será deixado de lado? Luis Fabiano? Robinho? Vágner Love? Afonso? Quem? Olha lá, hein... E quando o Fred voltar?

5) Quem é Gilberto? Existe ainda a posição de lateral esquerdo no time?

6) Quando o melhor jogador da partida é o goleiro do seu time, isso é um bom sinal? Julião nos salvou de uma goleada! Valeu, meninão!

7) Devo ser muito ingênuo. Quando a partida estava empatada, por quê trocar Ronaldinho Gaúcho por Josué? Qual a função ofensiva? Queria garantir o empate? Estávamos jogando fora de casa? O Diego e o Elano, ou o Vágner (que ainda não tinha entrado) se negaram a participar daquela farsa?

8) Puxa, será que a torcida paulistana não aprende? Mesmo quando Ronaldinho, Robinho e Kaká não conseguem acertar um passe, e nossa retaguarda fica trocando passes lado a lado no campo de defesa. Não devem vaiar e nem xingar, mesmo parecendo (insisto!) que queríamos garantir o empate. Galvão, dá uma lição nesta torcida exigente!

Olha, fazia tempo que eu não ia ao estádio. Foi bom relembrar como é gostoso assistir a jogos in loco. Mas não nego a muvuca. A ida e vinda superam de longe o tempo que dura a partida. Só para chegar em casa levou quase duas horas. Mas valeu a pena, para ficar gritando o nome do Luis Fabiano, que há tempos merecia voltar para a seleção. Foi bom ver que estamos bem guarnecidos pelo Julio César (desculpe, Ceni).

Outro dia vi na transmissão do jogo contra o Peru alguém perguntar porque o Brasil insiste em jogar pelo meio. Neste jogo contra o Uruguai eu descobri: um dos nossos laterais só sabe correr e o outro está omisso. Não sobra opção. E já que nossa equipe não sabe trocar passes, só falta o chutão! Ou seja, chamem o Zé do Leitão, que ele corresponde.

É isso aí!! Acho que o próximo apenas será em 2014. Veremos... Quem sabe depois me animo em escrever algo melhor sobre esta experiência, mas agora era isso que eu tinha para dizer. Daí você pode comparar as versões e verificar como a dor do trauma passa rápido.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Lost*

Raindrops falling from the sky
Petals sprout thru your eyes
that happily vanish into mine
‘til suddenly thy love starts to die

And then my smile turns to a cry
such as the water became wine.
The sun will never be able to shine
The eyes are closed and my body lies

My heart is crumbled, I can’t deny
Shepperton Village is in the past
Ancient time of glimpses and sights

Walking there alone, I will always try
Fulfill my wishes has become a task
I’ll be in all our places with you beside.

*Esse poema foi escrito devido ao curso de Inglês, em outubro de 2005.

domingo, 18 de novembro de 2007

Metáfora para o nascimento da democracia


Trecho do livro "Um homem: Klaus Klump", de Gonçalo M. Tavares.


"A democracia instala-se no país como uma borracha que se vai derretendo lentamente até preencher por completo a superfície de um compartimento. Mas a democracia é a instalação da cobardia mútua, e tal sistema não parte nunca de uma vontade forte, de uma intenção original; pelo contrário: é consequência de uma matéria que derreteu. Não é um sistema político de material primário. É o fogo que a faz: à democracia. É o excesso de calor, o calor já não suportável que impõe a trégua da calma. E será depois o frio prolongado a reatar de novo a matéria principal, a Força primeira. A democracia é um efeito da perda de Força de um conjunto de homens. É um ganho de fraqueza global."


Volei: Será que acharam um caminho para nos derrotar?

Eu, como todo brasileiro, posso dizer que não tive muitas oportunidades de ver a seleção brasileira masculina de volei perder alguma jogo sob a direção de Bernardinho. Lembro da derrota sofrida contra a Venezuela no Pan-americano de Santo Domingo. Porém, quando derrotados pelos venezuelanos, era nítido que a derrota ocorrera por ocasião, devido a uma péssima demonstração de nosso time e pela excepcional atuação de dois jogadores do adversário.

Hoje foi diferente. Início de torneio sempre é um pouco complicado, mas a seleção entrou no ritmo, jogou com a mesma técnica de sempre. Competiu os dois primeiros sets com a mesma qualidade que estamos acostumados a acompanhar. Porém, o adversário na estréia da Copa do Mundo era os Estados Unidos. Esta seleção já havia chamado minha atenção em uma das competições deste ano (não estou certo se foi na Liga ou se foi no Pan do Rio, ou se foi nas duas). Para quem esteve acostumado a desconsiderar a seleção americana nos últimos anos devido aos maus resultados, eu havia me surpreendido com o crescimento de sua qualidade.

A seleção americana, do início ao fim, sacou muito forte. Muito forte mesmo. E o Brasil correspondeu com a qualidade de sua recepção. Por isso digo que o Brasil não atuou mal. Seus fundamentos funcionaram muito bem. Mas a seleção dos Estados Unidos foi melhor! Se olharmos os números do jogo, talvez o diferencial tenha sido mesmo o saque, não apenas pelo excelente aproveitamento americano, mas também por não ter sido tão eficiente do lado tupiniquim.

Os dois primeiros sets foram emocionantes. Terminaram 28x26, 30x28. Neste último, tamanha era a confiança dos americanos na qualidade de seu serviço que, mesmo tendo um set point contra, o ponteiro Stanley sacou muito forte e foi recompensado com a virada em última hora do placar deste set e a vitória no mesmo. A torcida no estádio japonês de Matsumoto estava claramente a favor dos brasileiros (enfim, eram os campeões mundiais, da Liga.... da Olimpíada). Mas aos poucos os americanos 'ganharam' a torcida e tudo ficou equilibrado. O terceiro set foi ruim para nossa seleção. Caiu sua produção e o set fechou em 25x20 para os americanos.

Mas não há demérito para nossa seleção. Continua a melhor seleção do mundo. Não sejamos como normalmente somos, que na primeira derrota começamos a questionar o trabalho. Simplesmente a outra seleção foi melhor do que a nossa. Jogaram com muita raça, muita tática e muita técnica.

Cabe agora duas questões, uma já esboçada no título:
1) Será que encontraram o caminho para derrotar nossa seleção? Claro que encontraram. Mas não foi hoje. Já encontraram faz tempo. Muita força de saque, conseqüente quebra de passe, bloqueio efetivo e velocidade de ataque. Todos já sabem isso, mas não é algo fácil de fazer. Hoje a seleção americana conseguiu e saiu de quadra com uma vitória mais que merecida;
2) Algo que já penso há um tempo e, se alguém quiser me ajudar, gostaria de colocar em pauta: será que não está na hora de aumentar a altura da rede oficial de volei? Há muito tempo que penso isso, pois a facilidade que os jogadores profissionais têm em sacar e atacar tornou-se covarde, com pancadas muito fortes que diminuíram a possibilidade de "rallis" durante os jogos. Eles acontecem, mas são numa quantidade muito pequena. São jogos com aces, muito bloqueio e, principalmente, pontos de bola cravada na quadra adversária. O desenvolvimento da preparação física na última década possibilita este aumento na altura da rede sem que caia a qualidade dos jogos.

É isso aí! Força Brasil!!! Três vagas para a Olimpíada em jogo!!!

sábado, 17 de novembro de 2007

Dois Tertulianos?

Não é de hoje que eu gosto dos livros do José Saramago. Confesso que alguns não me agradaram, mas acho que é impossível apreciar tudo que alguém faz. Nem mesmo ficamos satisfeitos 100% a respeito daquilo que fazemos, quem dirá sobre o que os outros fazem. Já houve livros dele que iniciei a leitura mas parei no meio. Não foi apenas um. Digo que fiz isso com "O Evangelho segundo Jesus Cristo", mas quando retomei alguns anos depois foi excepcional. Acho que é tudo uma questão de estado de espírito. Os espíritos se revolvem e os humores seguem o mesmo caminho. Retrato disto é o livro que acabo de ler deste autor lusitano: "O homem duplicado". (O livro é de 2003, mas apenas li agora. A fila é grande, não há como me apressar) Queiram ler a reviravolta na existência do professor de História Tertuliano Máximo Afonso quando descobre que existe um homem que é a sua cópia perfeita. Não é um gêmeo: é um duplo, igual em todos os aspectos. Diferenças entre eles? Terás que ler, caro colega.

Início da Jornada

Estou na era da Internet!

A Lamparina chega para servir como um canal de comentários sobre Cultura. Mas não entenda Cultura apenas como Cinema, Literatura ou Música. Todos os temas serão bem-vindos (enfim, se formos refletir, TUDO é Cultura). Eventualmente, serão colocados comentários sobre qualquer assunto, desde que estejamos com vontade de expô-los. Porém, se não estivermos com vontade, podem acontecer algumas linhas do mesmo jeito: apenas para contrariar.

Por enquanto é isso. Mas não pararemos por aqui.