domingo, 10 de fevereiro de 2008

MUDANÇA DE ENDEREÇO

"A Lamparina" mudou seu endereço.

Agora está alojada no servidor da Wordpress, onde você poderá encontrar todos os textos e todos os comentários que antes estavam aqui. A partir de hoje, os textos serão postados no novo endereço:


"A Lamparina" se modernizou. Digamos que agora pode ser considerada uma "Lanterna a pilha".

Continue visitando e nos dando o prazer de sua companhia.

Obrigado,

Hugo Harris

Renato Russo reencarnado no palco

Blogueiro Convidado: Eduardo Micheletto
Contato: http://eduardomicheletto.blogspot.com/

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Fui ao Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) assistir à peça “Renato Russo”, sobre o cantor e compositor da Legião Urbana, com o ator Bruce Gomlevsky e a Banda Arte Profana.

O espetáculo conta fatos da adolescência difícil do cantor, que na época passou cerca de dois anos numa cadeira de rodas por causa de um mal ósseo chamado epifisiólise. E Bruce consegue retratar este drama de maneira comovente tirando lágrimas de todos os espectadores.

O roteiro inteligente da peça retrata de uma maneira sutil todas as fases vividas por Renato, desde a Banda Aborto Elétrico, às alegrias e dores da Legião Urbana, o filho Giuliano, a decisão de assumir-se gay e o namoro com o americano Robert Scott.

Aliás, este foi um período de transformação em sua vida, e Bruce (foto ao lado) consegue trazer de volta nos palcos os gestos mais típicos e jeito peculiar do músico, marcando de vez seu nome na dramaturgia nacional.

O espetáculo termina retratando sua morte melancólica no Rio de Janeiro, onde o cantor se isolou de todos os amigos após contrair o vírus HIV.

Mas até os dias de hoje, suas letras são poesia em estado bruto. Renato parece convidar o ouvinte a decifrar a vida, e a entender o amor. Essa foi a grande mensagem da discografia da banda: "o amor".

Se bem que ele nunca soube ao certo o significado desse sentimento: “Quem inventou o amor, me explica, por favor”. Entretanto, embora não acreditasse no amor romântico, mas “no respeito e na amizade”.

Renato queria que sua geração entendesse a força do amor. No épico “Faroeste Caboclo”, o personagem João de Santo Cristo só se arrepende dos pecados ao conhecer Maria Lúcia; em “Eduardo e Mônica”, Renato canta: “Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração” e vai relatando a história de duas pessoas completamente diferentes que se vêem arrebatadas pelo amor.

Em “Pais e Filhos”, ele eternizou os versos: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”; na ultramelancólica “Vento no litoral”, as frases “Aonde está você agora, além de aqui, dentro de mim?” e “Dos nossos planos é que tenho mais saudade, quando olhávamos juntos na mesma direção” revelam todo o desalento do poeta, que permance eternizado no coração de todos os seus fãs.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cinismo político com belas performances

Vivemos num país onde as atitudes políticas cada vez mais nos assustam. Seja um mensalão aqui, ou um cartão de crédito corporativo ali. É dinheiro na cueca, apoio governamental ao presidente Venezuelano que cada dia mais se mostra um paradoxo entre candidato a ditador e demagogo crônico.

Nada melhor do que surgir, assim, um filme como "Jogos do Poder". Um filme cínico, irônico, que trata de jogos de influência de um senador na Afeganistão invadido pelos russos. Tom Hanks, Julia Roberts e Philip Seymour Hoffman estão no elenco, orquestrados pelo excelente diretor Mike Nichols, um especialista em direção de atores.

Não vi o filme, mas vi o trailer, o qual vocês poderão verificar aqui. Aguardaremos a estréia do filme ainda neste mês.


domingo, 3 de fevereiro de 2008

Recapitulando...

Quando imaginamos que um assunto já está encerrado, que o passado empurrou-o para longe e fez com que repousasse nos recônditos da memória, eis que aflora e bate à nossa porta.

Literalmente bate à nossa porta.

Hoje, quando ia entrar em meu apartamento, dei-me com um homem aparentemente estranho à minha porta. Ia tocar a campainha, mas nem deu tempo. Surpreendeu-se com meu surgimento repentino e por milésimos de segundos paralisou...

- Você é um dos salvadores do meu apartamento?

Há pouco mais de um mês, relatei aqui o caso do incêndio num apartamento em meu prédio, o qual conseguimos apagar a tempo (veja em http://hugoharris.blogspot.com/2007/12/fogos-de-ano-novo-antes-da-hora.html). Como descrevi na época, tivemos sorte pois o fogo não pegou em alguns elementos inflamáveis que estavam por perto.

Mas após a pergunta daquele senhor, que eu nem imaginava que apareceria por lá, eu que fiquei paralisado. Envergonhado, para dizer a verdade. Pois o homem oferecia, em sua humildade, um vaso de flores e um pacote com uma bela garrafa de vinho como agradecimento. Havíamos arrebentado sua porta e enchido o apartamento de pó químico. Mas ele queria agradecer do mesmo jeito.

Eu não o havia encontrado após o incidente e sabia que o apartamento tinha sido vendido. Ele voltará para Israel. Claro que o incêndio não tem nada a ver com isso, pois a decisão já tinha sido tomada há tempos. Ele até me passou a informação a respeito da sorte que tivemos, pois se fosse em Israel, o fogo teria comido toda sua residência. Disse-me que as portas dos apartamentos são feitas de aço, por causa de assaltos (me surpreendi quando ele disse que não era por causa do medo de bombas).

Com tudo isso, tive uma sensação esquisita, como se aquele acontecimento surgisse de novo. Achei que o proprietário daquele apartamento não apareceria mais, e não tinha nenhum problema quanto a isso. Agora, fica parecendo que a distância entre aquele dia 31 de dezembro e hoje foi encurtada, como uma elipse cinematográfica. Talvez esse seja o efeito do passado trazido para perto. Sei lá, queria apenas terminar este texto com algo meio filosófico. Fui.