Blogueiro Convidado: Eduardo Micheletto
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Fui ao Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) assistir à peça “Renato Russo”, sobre o cantor e compositor da Legião Urbana, com o ator Bruce Gomlevsky e a Banda Arte Profana.
O espetáculo conta fatos da adolescência difícil do cantor, que na época passou cerca de dois anos numa cadeira de rodas por causa de um mal ósseo chamado epifisiólise. E Bruce consegue retratar este drama de maneira comovente tirando lágrimas de todos os espectadores.
O roteiro inteligente da peça retrata de uma maneira sutil todas as fases vividas por Renato, desde a Banda Aborto Elétrico, às alegrias e dores da Legião Urbana, o filho Giuliano, a decisão de assumir-se gay e o namoro com o americano Robert Scott.
Aliás, este foi um período de transformação em sua vida, e Bruce (foto ao lado) consegue trazer de volta nos palcos os gestos mais típicos e jeito peculiar do músico, marcando de vez seu nome na dramaturgia nacional.
O espetáculo termina retratando sua morte melancólica no Rio de Janeiro, onde o cantor se isolou de todos os amigos após contrair o vírus HIV.
Mas até os dias de hoje, suas letras são poesia em estado bruto. Renato parece convidar o ouvinte a decifrar a vida, e a entender o amor. Essa foi a grande mensagem da discografia da banda: "o amor".
Se bem que ele nunca soube ao certo o significado desse sentimento: “Quem inventou o amor, me explica, por favor”. Entretanto, embora não acreditasse no amor romântico, mas “no respeito e na amizade”.
Renato queria que sua geração entendesse a força do amor. No épico “Faroeste Caboclo”, o personagem João de Santo Cristo só se arrepende dos pecados ao conhecer Maria Lúcia; em “Eduardo e Mônica”, Renato canta: “Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração” e vai relatando a história de duas pessoas completamente diferentes que se vêem arrebatadas pelo amor.
Em “Pais e Filhos”, ele eternizou os versos: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”; na ultramelancólica “Vento no litoral”, as frases “Aonde está você agora, além de aqui, dentro de mim?” e “Dos nossos planos é que tenho mais saudade, quando olhávamos juntos na mesma direção” revelam todo o desalento do poeta, que permance eternizado no coração de todos os seus fãs.
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Um comentário:
Renato Russo a gente entende; talvez no eco de suas letras, nas calçadas, na rua, na adolescência, na maturidade ou na velhice. Que falar de seu estado de espírito? Muitos o acusaram de pessimista, no entanto ninguém pode negar sua capacidade de descrever e interpretar este mundo. Ele aprendeu com a vida. Sua poesia é sua vida, ele enfrentou todos os monstros da existência e descreveu-os em detalhes. Sua memória estará sempre presente em nossas vidas.
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