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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Catseries - a baleia preta

Quando meus pais foram ao veterinário para adotar os dois gatinhos que estavam destinados a nós, procuraram pela gatinha que eu tinha comentado. Ela era sapeca, super-ativa. A própria veterinária disse que seria uma peste! “Espere ela crescer. Você verá!”, sentenciou, com ecos ao fundo e quase uma gargalhada no final.

Não teve jeito. Ganhei um ‘brinde’. Além dos dois gatinhos gêmeos que vinham para casa, uma gatinha preta e comprida se enrolava com eles, querendo brincar e correr para todos os cantos.

Eu sempre quis ter um gato preto. Dizia que ia chamá-lo de “Félix”, devido à minha falta de criatividade e adoração pelo antigo desenho daquele felino amigo do cientista Poindexter (sem dizer de sua valise que continha tudo e virava tudo o que ele quisesse). Infelizmente, era uma gatinha. Então, em outro surto de enorme criatividade (coisas da genética), meu pai nomeou-a “Blackie”. Não havia solução, senão conformar-me com aquele nome e o azar da gata ser fêmea.

Cerca de dois meses se passaram e chegou a data em que castraríamos os gatos. A expressão de sofrimento daqueles coitados (e coitada!) podia ser vista, como se estivessem numa fila de execução. Alguns pensavam: “Ai, lá se vai o meu pipi”.

Quando minha mãe volta com as vítimas da veterinária, chega rindo de mim. “Adivinha, adivinha”. Nem podia imaginar. “Adivinha, adivinha... Sabe a Blackie?” Eu nem queria pensar. Já imaginei as tragédias, que a gata teve um treco durante a cirurgia e... Credo! Minha mãe continuava devagarzinho, só para me torturar: “A Blackie... A Blackie não é Blackie. Ela é ‘o’ Blackie.” Descobriram próximo da hora da cirurgia que ela não era ela. Ela era ele. Era um menino. Um garotão. Um moçoilo preto e peludo. Fiquei chocado. Como não percebemos? Bem, isso é possível. Enfim, foi possível, né. Culpa da veterinária! Eu não fiquei levantando o rabo do gato para verificar se era macho ou fêmea. Ela falou que era fêmea e eu acreditei...

Agora eu queria que queria mudar seu nome para Félix. Comecei o meu lobby, na tentativa de causar comoção e alterar a alcunha daquele felino que acabara de sair do armário. Tentamos por um tempo chamá-lo de Félix, mas vira-e-mexe o hábito adquirido se manifestava e acabávamos chamando de Blackie. Por fim, seu nome definitivo se tornou Black Félix (como se o Félix do desenho já não fosse preto, né). Enfim, foi o que consegui.

Mais algum tempo se passou e outras novas características afloraram no gatinho. Ganhou muito peso, virou praticamente uma bola. Ficou gordo que nem um beagle. Costumo chamá-lo carinhosamente de “minha baleia preta” ou "meu gato-baleia". Se não bastasse, descobrimos que tem vitiligo. Ele que é todo preto, até às almofadinhas das patas, foi ficando rosado em algumas extremidades. Não faz mal algum, mas agora é um gato multicolorido. Sua boca ficou rosada, algumas almofadinhas também, e parte dos pêlos pretos do cangote ficaram brancos. Mas não pense que ficou feio! Ele é lindo: gordo e rosa, em seu esplendor, com seus olhos amarelos cor-de-gema.

É tão carinhoso, que quando conseguimos levantá-lo do chão literalmente nos abraça com as patas. Pula toda hora em nosso colo, pedindo para aninhá-lo. Imagine com o peso que tem, a delícia quando pousa sobre nós. Mas não é tão peste quanto a veterinária havia calculado.

Bem, este é o segundo membro do Quarteto Fantástico. Como podem ver, cada um possui seus poderes especiais.





domingo, 16 de dezembro de 2007

Catseries - o mito do gato de bom coração

Rabo de esquilo, vesgo, cinza malhado, bigodes curtos... Você deve imaginar que descrevo um animal híbrido, sem identidade, uma "coisa horrível". Muito se engana.

Foi batizado num momento de iluminação. Nunca um nome foi tão acertado. Se a intenção fosse aliar nome e comportamento, dificilmente a alcunha seria mais perfeita: Dengoso. Ele era apenas uma bolinha de pêlo. Feio. Era muito feio. Como disse no texto anterior, quando pequenos, ele e seu irmão gêmeo couberam em uma única palma de minha mão. Frágeis e fracos. Tinham sido abandonados muito pequenos, e a veterinária teve que tomar cuidados especiais. Dentro de casa, eles brincavam bastante. Isso tranquilizou a todos que, no início, estavam relutantes sobre a possibilidade de sobrevivência dos filhotinhos.

Na dúvida sobre os nomes que deveriam ser dados, este foi o que apareceu. Minha mãe que achou que ele "tinha cara de dengoso". Aceitei o nome, talvez uma estratégia política para que aceitassem o que eu tinha escolhido para o outro. Mas a história do outro ainda está para ser contada, então não entrarei em detalhes.

No fim, nada foi mais justo. Os filhotes cresceram e o Dengoso se tornou o gato mais carinhoso. Quem chega em casa pode ver a atitude dele. Ele vem correndo em sua direção e sobe em nossas pernas para pedir agrado. Dependendo de nossa proximidade, sobe no sofá e esfrega a própria cabeça em nossas mãos para sentir um afago, mesmo que naquele instante não tenhamos a intenção. Quando alguém toma banho, vai até a área de serviço e sobe no parapeito da janela basculante para miar e chamar a atenção. Dependura-se na janela e tenta olhar o outro lado, o que já lhe causou uma queda para o outro lado e um enorme susto.

Suspeitamos que ele e o irmão sejam cruzamento de gato persa com siamês. Dengoso ficou com algumas características do persa. O rabo peludo, por exemplo. Quando pequeno, seu rosto era bem redondo, mas ao crescer perdeu essa característica. Mas o rabo está cada vez mais peludo. O resto do corpo lembra bastante o de um siamês.

Dos quatro gatos, é o mais frágil de todos. Tanto que seus "irmãos" abusam. Comem seus bigodes, o que o torna cada vez mais molenga (pois, como é conhecido, o gato perde parte do equilíbrio sem seus bigodes). Mas isso não o assusta. Sempre está a enfrentar os outros em lutinhas. Mete os dentes no pescoço de um, agarra e puxa o cangote do outro. Encara-os nos olhos. Sempre como brincadeira. Nenhum deles nunca brigou seriamente.

Adora ser jogado para o alto. Parece uma criança. Não age que nem um gato normal. Jogue um gato para o alto e o verá se contorcer para retomar o centro de gravidade e cair com as quatro patas. Dengoso voa mole e cai mole. Sorte que esses humanos o pegam no ar.

A gente pode fazer o que quiser com ele. Toda brincadeira é alegria. Chegou até a parecer um bichinho de pelúcia quando fiz a maldade de apertá-lo no peito e ele apenas soltou um mio baixo. Não esperneou, não reclamou. Não me deu a dentada que eu merecia. Enfim, Dengoso é um gato de bom coração.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Catseries - o nascimento do Quarteto Fantástico

Quando perdemos nossa gatinha, foi como se uma pessoa da família tivesse morrido. Ela ficou conosco por oito anos e, mesmo que tivessem sido vinte, pareceriam muito pouco. Chorei muito no ombro de amigos, alguns sem entender por que um marmanjo de quase trinta anos estava tão triste por causa de um bichinho que sabemos que não durará tanto tempo quanto nós.

Mas é incrível a afeição que eles fazem brotar em nós. Depois da partida de Jodie, minha mãe tinha dito que não queria mais nenhum gato na casa. A companhia era muito gostosa, mas no final realmente todo mundo sofreu. Meu pai dizia para eu ter paciência com o sentimento de minha mãe, aguardar a ferida cicatrizar, que na hora certa poderíamos "seduzi-la". E não demorou muito.

Certo dia, meus pais viajavam quando a veterinária ligou. Queria que fôssemos até lá. Eu questionei a razão e ela disse que tinha dois gatinhos que queria que meus pais dessem uma olhada. Mesmo com a ausência de meus pais, a veterinária insistiu que os gatos eram o nosso perfil (??? Como assim, nosso perfil?). Mas não tinha jeito, eles estavam longe e eu não poderia pegar os gatos e trazer para casa sem mais nem menos. Mas não agüentei. Tive que ir até lá, nem que fosse para matar a minha curiosidade.

Quando cheguei ao Pet Shop, fui levado diretamente para o "quarto" dos gatos. Achei que ia encontrar os dois bichaninhos escondidos num canto, amedrontados. A porta se abriu, e era um verdadeiro "mar de gatos". Definitivamente, havia mais de trinta gatos espalhados pelo chão. Todos muito bem cuidados, brincando uns com os outros. Tentei adivinhar quais eram os gatinhos, e previamente me afeiçoava por um ou outro. Naquele ponto, tanto fazia qual gato ia levar. Mas a veterinária fez questão de apontar os exatos dois com os quais ela queria nos presentear: eram dois gatinhos branquinhos, minúsculos. Cabiam os dois juntos numa única palma de minha mão. A condição era levar os dois. Eles eram da mesma ninhada e haviam sido abandonados. Desde que nasceram ficaram juntos e juntos permaneceram até aquele momento. Ela não achava justo separá-los. Confesso que achei eles um pouco feinhos, mas fiquei comovido com as intenções da moça. Ao mesmo tempo, eu olhava outros gatos, brincava um pouco e matava um pouco da saudade de ter um bichano para "perturbar" (enfim, filhotes adoram ser "perturbados"). Tinha uma gatinha preta que achei linda e mais outros que gostei.

Voltei para casa decidido a ligar para meus pais e contar a história. Minha mãe não foi muito animadora no telefone, então logo tentei me desiludir. Tentei jogar um charme, elogiar os gatos como se fossem tesouros, mas já colocava em minha mente que deveria esquecer. Enfim, fazia apenas dois meses que a Jodie havia morrido.

No dia seguinte, toca o telefone em casa e minha mãe está do outro lado:

- Hugo, estou chegando em casa. Seu pai quis ir direto para o Pet Shop. Nem quis passar em casa.

Pensei que minha mãe ficaria em casa, mas apenas deixou as malas e foi correndo para a Veterinária. Algum tempo depois, ela liga para perguntar se eu também queria a gatinha preta, pois estavam dispostos a adotá-la. Claro que aceitei.

Para quem havia se acostumado a ter uma única gata em casa, agora haveriam três. Seria uma revolução. Quando meus pais chegaram, vieram aquelas três pecinhas peludas e mais sacos e sacos de comida de gato e areia sanitária. A festa ia começar.

Achei que ia dar um trabalhão. Mas acho que não estavam satisfeitos. Cerca de três semanas depois, cheguei em casa e havia uma nova surpresa. Um outro gato, um pouco mais velho que os três pequeninos que havíamos adotado, encontrava-se na sala, assustado e arisco, com os olhos quase fechados por causa de alguma infecção. Um gato lindo, rajado.

Isso tudo aconteceu no ano de 2005. Eles estão conosco e hoje estão bem grandinhos. São o nosso Quarteto Fantástico. Nesta "Catseries", escreverei um pouco a respeito de cada um deles. Assim, aqueles que não tiveram a oportunidade conhecerão um pouco mais de perto esses meus "irmãos" de pêlos.

Em 2005:

Em 2007: