quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Publicação sobre nada

Entrei aqui com a vontade de escrever sobre nada. Não sobre o "Nada", com letra maiúscula, um substantivo masculino de pompa que pode guiar uma discussão em direção a um conceito filosófico complexo. Não, não é nada disso.

Havia um tema sobre o qual queria escrever. Logo desisti. Mas não queria deixar de escrever algo. E, como disse Fernando Sabino numa crônica que li há muito tempo, é muito difícil se deparar com a tela branca do computador à sua frente (acredito que ele, na verdade, falou algo sobre a folha branca numa máquina de escrever, a aguardar o choque das pesadas teclas e da tinta do carretel).

Cheguei à conclusão de que não queria falar sobre nada. Coisa nenhuma. O dicionário dá outra definição para o vocábulo: pronome indefinido. Exatamente! Indefinido. Há outras definições, mas não interessam neste momento, pois já que não queria escrever sobre nada, não é sobre o nada que escreverei. Não é por falta de tema, não é para ilustrar algum 'vazio existencial'. Não é o cansaço após um dia inteiro de trabalho. Simplesmente, nada foi o que apareceu. Nada foi o que deu vontade.

Mas não sou de me dar por derrotado. Mesmo sendo nada o que surgiu, não deixarei de escrever. Fazer um elogio a nada é uma forma de valorizar quando o "algo" surge e podemos incrementá-lo a ponto de transformá-lo em "alguma coisa". A cabeça que parece nada conter, nestes momentos procura um grânulo qualquer perdido em seu interior e faz ele se movimentar, correr, ricochetear pelas paredes até que se multiplique ou faça ecoar algo por meio de sinapses luminosas - lamparinas.

A contradição está no fato de dizer que havia ao menos um grânulo dentro da cabeça. Não era nada. Não que não era nada, coisa alguma. Não era um nada. Era um grânulo de idéia. Assim, a questão está em como percorrer o caminho entre nada e o grânulo que teremos que cultivar. É algo complicado e demandará muita discussão. Porém, já que eu havia decidido escrever sobre nada, pararei por aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pra quem não queria dizer nada escreveu muito, não se surpreenda se nenhum comentário tiver nada de mais.

bjoooos